domingo, 31 de janeiro de 2016

Os (não tão) últimos filmes que eu vi #16

1- O conto da princesa Kaguya (Isao Takahata, 2013)
Eu já falei que esse foi um dos meus filmes favoritos do ano passado, mas não custa repetir: que filme bonito! Valeu a pena ter esperado tanto tempo para assistir no cinema. Embora nos elogios que li das pessoas vi muito sobre as mensagens que o filme passa e coisas assim, não me importei muito com isso: o filme me encantou principalmente pela parte estética e pela trilha sonora — não que a história não seja interessante, embora eu não tenha gostado muito da parte final. Virou um dos meus favoritos do Ghibli. Avaliação: 4,5/5

 
2- O castelo de Cagliostro (Hayao Miyazaki, 1979)
É o primeiro longa-metragem dirigido pelo Miyazaki e conta a história de Lupin III, neto do famoso ladrão Arsène Lupin. O filme é bem divertido, o protagonista é carismático e os cenários são bem bonitos. Achei que a história se alongou um pouco — talvez seja por isso que eu não goste muito de filmes de ação? São muitas reviravoltas —, mas no geral é um bom entretenimento, e uma estreia interessante do diretor. Avaliação: 3,5/5

3- Quando estou com Marnie (Hiromasa Yonebayashi, 2014)
Outro filme do Ghibli, porque foi uma época de mostras de cinema interessantes. Não tinha grandes expectativas porque não conhecia a história, que é basicamente sobre o amadurecimento de Anna, personagem que inicia tímida e retraída e vai aprendendo a se abrir com Marnie. Gostei bastante da Anna e de como ela foi tratada no filme, sem romantizar sua falta de habilidades sociais. Mas a Marnie, em compensação, é bem idealizada, e a relação entre elas é um pouco exagerada, sem sutilezas. Eu já imaginava a revelação do enredo, o que também estragou parte da graça. A estética, no entanto, me agradou bastante, e os cenários não decepcionam. Avaliação: 3,5/5

4- Birdman ou (a inesperada virtude da ignorância) (Alejandro González Iñárritu, 2014)
Uma professora da faculdade sugeriu que a gente discutisse o filme em sala, então decidi ir atrás de Birdman, atrasada como sempre sou na discussão do Oscar. E eu gostei mais do que esperava. Não sei dizer nada em termos técnicos, mas a história é interessante, e o fato do filme ser em plano-sequência pelo menos dá um diferencial. Achei o filme menos arrogante do que esperava pelos comentários que li, porque a minha impressão é de que ele não se leva tão a sério e sabe o quanto está envolvido naquilo que critica. E os atores estão muito bem, gostei bastante da atuação do Michael Keaton e do Edward Norton. Mas ele tem o problema da maioria dos filmes do Oscar para mim: a qualidade é boa, mas não emociona. Avaliação: 4/5

5- A revolução dos bichos (Joy Batchelor e John Halas, 1954)
Eu só ouvi falar nesse filme por causa da lista dos 1001 filmes. Como é uma animação, eu só precisei ver um filme para usar em dois projetos! Assisti sem grandes expectativas, não achei grande coisa, mas valeu a pena por me fazer relembrar da história e me dar vontade de reler o livro, que li há uns seis anos. O final do filme é diferente do final do livro e achei a mudança interessante, mas não dá para comentar mais do que isso sem spoilers. Avaliação: 3,5/5

6- Princesa Arete (Sunao Katabuchi, 2001)
O MIS fez uma mostra de anime e consegui aproveitar e ver um filme. Princesa Arete é conhecido como um filme de princesa feminista e é só isso que eu sabia antes de vê-lo. O que encontrei? Um filme um pouco menos feminista do que esperava, mas mesmo assim bem interessante. A história tem vários elementos de contos de fada, como a princesa trancada solitária, uma bruxa e um mago, mas consegue trazer novidades com isso. Eu não entendi algumas coisas do enredo, não sei se foi porque não consegui ler as legendas direito — cinema do MIS: não recomendo para baixinhos —, por questões de tradução ou porque é confuso mesmo. Achei também o filme um pouco cansativo. Valeu a experiência, de qualquer jeito. Avaliação: 3,5/5

7- Gatos, fios dentais e amassos (Gurinder Chadha, 2008)
Confesso que tinha curiosidade em ver esse filme há algum tempo mas evitava só por causa desse título vergonhoso. Mas a vontade de ver uma comédia adolescente chegou, então finalmente matei a curiosidade. É um filme fofinho, não muito diferente de outras tantas comédias adolescentes, com o enredo da garota normal que quer dar o seu primeiro beijo, além de ter garotas malvadas, os novos alunos gatinhos, etc. É clichê, tem partes mal desenvolvidas, uma ótima definição de diversão supérflua, mas é tão fofo, e quando terminou eu me senti tão bem... E também se passa na Inglaterra, então tem sotaque britânico e a trilha sonora é cheia de bandas que eu costumava escutar na época, tipo Mumm-Ra e The Pigeon Detectives. Avaliação: 3,5/5

8- Que horas ela volta? (Anna Muylaert, 2015)
Eu até tinha escrito um textão sobre o filme, sobre como eu conheci o trabalho da Anna Muylaert e tal, mas honestamente estou tão cansada de ouvir sobre Que horas ela volta? que imagino que vocês também estejam. Basicamente, eu achei tudo isso que as pessoas falam, mas entendo algumas das críticas. O que gostei é como o filme consegue mostrar a realidade da sociedade brasileira, escancarando sua desigualdade, ao mesmo tempo que emociona e cativa. É um filme surpreendentemente envolvente, daqueles que você fica triste quando acaba. Avaliação: 4,5/5

9- Whiplash: em busca da perfeição (Damien Chazelle, 2014)
Continuando com a seção Oscar atrasado. Quando o filme estreou aqui e as críticas foram bem positivas, cheguei a considerar ver o filme no cinema. E fico feliz por não ter feito isso. A questão é que não gosto do som da bateria sozinha, desculpa aí. Então embora o filme seja bem-feito, os atores estejam ótimos, a história seja interessante e tudo mais, as cenas de solo me davam um pouco de agonia. Não é você, Whiplash, sou eu. Mas, como o filme não é feito só de solos, gostei bastante do resto. Preferia que a história do protagonista fosse melhor contada além do desenvolvimento musical, porque achei que algumas coisas ficaram meio soltas, mas não é aí que o filme quer chegar. Foi interessante ver a opinião das pessoas sobre a mensagem do filme — tem gente que acha que glorifica o protagonista, outros que a obsessão dele é criticada e outros ainda que o diretor é neutro. Para mim é uma crítica, porque a cena dele com a garota diz tudo o que eu preciso para julgar o protagonista como idiota. Mas tem muita gente que até concorda com a postura do professor, vide comentários no IMDB, então sei lá, né, cada um vê o que quer. Avaliação: 3,5/5

10- Catfish (Henry Joost e Ariel Schulman, 2010)
Gosto bastante do reality show homônimo. Não de assistir todos os episódios, mas de vê-los até o fim quando pego na TV, porque a estrutura de investigação prende bem o espectador e algumas histórias são mesmo interessantes — estamos conhecendo as pessoas por trás dos fakes, não é fascinante? Enfim, por causa do programa eu fiquei curiosa para conhecer a história do Nev, o apresentador. A forma do filme é bem parecida com a do programa, como se fosse um documentário caseiro, mas com algumas cenas que deixam claro que é editado. Isso fez muita gente se questionar se é mesmo uma história verdadeira, discutindo suas teorias e questões nos fóruns por aí. Eu acho que a questão aqui não é saber até que ponto é real; é lógico que as pessoas se comportam de outra forma quando estão sendo filmadas, e é óbvio que o filme é editado. O fato é que as situações de Catfish acontecem na vida real, e é interessante conhecer o outro lado da história, de quem engana. Se o filme é real ou ele mesmo é um catfish, tanto faz para mim, o importante são as questões que ele coloca. Avaliação: 3,5/5

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Sayonara, gangsters, Genichiro Takahashi

 
Há muito tempo eu escrevo poesias.
Eu tinha três anos quando escrevi meu primeiro poema, a lápis crayon, no livro de contabilidade doméstica de minha mãe.
Minha intenção era escrever uma ode idolatrando meu adorável penico-troninho de plástico em forma de patinho.
Eu gosto de livros estranhos. Gosto de ler histórias não lineares, sem explicações, que só são. São o quê? Não sei. Ao mesmo tempo, às vezes tenho medo de lê-las, porque parece que eu deveria ser inteligente o suficiente para compreender a loucura. Olha um pedaço da sinopse de Sayonara, gangsters do Skoob: "Ao mesmo tempo que original e profundo, "Sayonara, Gangsters" é acessível, uma obra literária pós-moderna única, que procura entreter em vez de intimidar. Desde a extravagância do seu começo, que pode ser lido como referência à guerra contra o terrorismo, até o final grave, devastador, e através de seu lirismo pungente, este primeiro romance de Takahashi, publicado no Brasil, é como um alucinógeno criado para fãs de literatura." Se falou em pós-moderno, já fico receosa. Mas a curiosidade era grande, e enfrentei o livro.

E descobri que essa sinopse até que está correta. O que me marcou no livro não é que ele é profundo ou tem milhares de significados, mas que ele entretém. Ele é escrito em frases curtas, em muitos parágrafos, e é muito fácil de ler. Eu li trezentas páginas em um ou dois dias, e não só porque é rápido, mas também porque prendeu a atenção. O mundo em que se passa o livro não é muito bem explicado, mas a gente entra na história facilmente. Sayonara, gangsters é dividido em três partes, todas ligadas pelo mesmo narrador, o protagonista da história, e com uma unidade clara: a primeira parte é sobre os relacionamentos do personagem, a segunda sobre seu trabalho na escola de poesia e a terceira sobre os gangsters do título.

Imagino que o livro tenha muito de pós-moderno mesmo, não só pela forma, mas pelos absurdos que são inseridos na história e que devem ter algum significado — como Virgílio, o poeta, se tornando um refrigerador. Mas, como bem diz Clarice e eu sempre repito quando leio algo que não sei bem o significado, não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento. ¯\_(ツ)_/¯

Além disso, a falta de conhecimento sobre a cultura japonesa potencializa a dificuldade de entendimento do que pode ser crítica ao país, mas é o seguinte: você não entende os significados, mas entende o enredo. Nesse caso, foi mais que o suficiente para mim. Fiquei curiosa para ler mais do autor, especialmente o livro chamado John Lennon vs. os marcianos(!!!), mas Sayonara, gangsters foi o único livro traduzido para o português.

Avaliação final: 4/5

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Retrospectiva: dezembro

• Juro que é a última retrospectiva de 2015. Quer dizer, eu ainda vou falar de livros, filmes e tal de 2015 em resenhas e comentários atrasadíssimos como sempre, mas retrospectiva sobre algum assunto específico não vai ter mais! Estou livre!

• Eu poderia dizer que foi um alívio 2015 ter acabado ou que foi um ano maravilhoso, mas não sou das pessoas mais ligadas a passagem de ano. Em resumo: já estive melhor, já estive pior. A única certeza é que estive (e estou) cansada. Vibe de 2015:


• Sobre as metas do ano, eu falhei em várias e cumpri algumas. Vamos ver:
 • comprar no máximo 12 esmaltes (1/12) — sem problemas! Os esmaltes estão cada vez mais caros, então quase não compro por impulso. Além disso, não ando lendo blogs sobre o assunto, por isso não tenho uma lista de desejados.
 • pintar as unhas do pé pelo menos uma vez por mês (12/12) — eu tenho um pouco de preguiça de fazer o pé, então essa meta serviu para me disciplinar em relação a isso. Também consegui.
 •  terminar com no mínimo 3 esmaltes (3/3) eu tenho muitos esmaltes e quase nunca uso até o fim, porque fico com preguiça de passar quando fica mais grosso. Mas consegui cumprir a meta.
 • comprar no máximo 12 livros — FAIL! Nem quis contar quantos comprei para não entrar em depressão. Talvez o dobro disso? Talvez mais?
 • ler pelo menos um livro da estante por mês  — FAIL! Eu li mais de doze livros da estante no total, mas teve mês que só li da biblioteca/emprestado, então não cumpri direito.
 • ler livros de pelo menos 12 nacionalidades  — consegui! Não organizei a minha lista direito pois muita preguiça, mas sei que li pelo menos 12. 
 • ver filmes de pelo menos 5 nacionalidades — consegui! Parei de contar depois da quinta, porque tem muito filme que é de mais de um país e ia ficar chato ficar contando.
 •  concluir pelo menos 5 animes (1/5) — FAIL! Só terminei Shigatsu wa kimi no uso. Sou muito lerda para assistir animes e séries, com um ritmo irregular. Não gostei muito de Shigatsu, então fiquei um pouco desanimada com animes em geral também...
 • ganhar pelo menos 5 insígnias do Sporcle (5/5)  — no começo do ano eu estava viciada nos jogos do Sporcle. Consegui logo as tais insígnias e depois passei a jogar bem esporadicamente.
 • ganhar um sorteio — eu sei, que tipo de pessoa coloca como meta algo relacionado com sorte? É que tem tanto sorteio de livro na internet que eu sabia que eu tinha que ganhar um em algum momento. E eu ganhei! Dois, na verdade, no Psychobooks.

 Em dezembro:
Eu vi… os primeiros episódios de True detective. Na verdade, eu decidi ver a série meio por acaso, porque queria mesmo é ver a terceira temporada de Hannibal, mas fiquei sem paciência de procurar ilegalmente sem MegafilmesHD e desisti da ideia, então decidi testar a HBOGo e True detective era a única série curta que me interessava. Agora já terminei a primeira temporada, gostei bastante e provavelmente vou resenhar algum dia. É uma série um pouco lenta, mas como tem poucos episódios isso não chegou a me cansar, até porque não sou de fazer maratona e costumo ver no máximo dois episódios por dia. Gostei bastante do desenvolvimento dos personagens, de como a dupla Marty e Rust dá certo mesmo sendo tão errada, e de como os personagens são humanos. Acho que uma coisa que sinto falta em outras mídias às vezes é de personagens menos maniqueístas, e muitas séries têm conseguido trabalhar bem com isso (por isso eu gosto tanto de Lost). Enfim, só vou deixar esse gif aqui porque ele resume bem o tom da série, ou pelo menos o tom do Rust.


Eu li… onze livros! Culpa do recesso, e também porque a maioria era curta mesmo.

Eu ouvi… o Made in the A.M., do One Direction. E gostei. Ainda não sou muito fã dessa coisa da música pop grudar de verdade na cabeça (que diferença com as músicas indie que eu normalmente ouço das quais eu em geral mal sei o nome!), mas o álbum tem músicas que eu adorei, mesmo, então que venham os efeitos colaterais.

Eu escrevi… uma lista de 10 autoras infantojuvenis para a Revista Pólen. 

Eu comi… carne de sol, peixe, café da manhã de hotel e (muito) sorvete, porque... 

Eu fui… para Porto de Galinhas. Viajei com a minha família e foi muito bom. Fazia muito tempo que a gente não fazia uma dessas viagens turísticas nem que ia para praia, então foi ótimo ver o mar e entrar na piscina depois de uns anos sem fazer isso. Vou fazer um diário de viagem e postar algum dia, antes de esquecer tudo da viagem.

Eu comprei… livros na Festa de Livros da USP. Eu espero o ano todo pela feira, porque o desconto mínimo é de cinquenta por cento, e fiquei feliz que algumas editoras menores, como a Valentina, participaram. Mas ainda estou frustradíssima porque fiquei ansiosamente esperando a feira para comprar A amiga genial, já me imaginava lendo o livro na viagem, e a editora Globo não levou o livro! Fiquei tão ressentida que agora vou demorar mais ainda para comprar, desejando que o livro chegue na biblioteca ou caia de algum modo nas minhas mãos sem eu ter que gastar dinheiro.

Eu fiz… uma assinatura de Netflix, finalmente. Quanto tempo será que demora para eles sugarem minha alma? Como eu só vejo pelo computador, que fica no quarto dos meus pais, não posso assistir a qualquer hora, mas estou pensando em comprar o Chromecast para facilitar. Alguém usa? Vale a pena?

No blog:
• Comecei o mês com a retrospectiva de outubro e de novembro.

• Depois publiquei a resenha de Marcelo no mundo real, um livro jovem sobre um personagem com uma forma leve de autismo.

• Voltei a fazer comentários curtos sobre livros. Em breve vou postar mais dessa categoria, porque não estou conseguindo manter o ritmo nas resenhas e vou substituí-las por comentários.

•  A resenha para o DL Skoob foi de Filomena Firmeza, do Patrick Modiano.

• Fiz uma retrospectiva dos desafios literários no final do mês, sobre o que consegui cumprir e no que falhei.

•  A última resenha do mês foi de Colmeia, o livro que levei para a viagem.

sábado, 16 de janeiro de 2016

Garota exemplar, Gillian Flynn

Não sei se a essa altura somos realmente humanos, aqueles de nós que são como a maioria de nós, que cresceram com TV, filmes e agora internet. Quando somos traídos, sabemos quais palavras dizer; quando um ente querido morre, sabemos quais palavras dizer. Quando queremos bancar o fodão, o espertinho ou o idiota, sabemos quais palavras dizer. Todos trabalhamos a partir do mesmo roteiro gasto.
Eu disse na retrospectiva de leituras de 2015 que eu quase não compro livros no estilo "quero ler esse agora, então vou comprar". Por isso, estou constantemente atrasada nas tendências literárias. Eu queria ler Garota exemplar desde a época em que começou a fazer sucesso, mas só li no final de 2015, porque minha tia me emprestou lá no meio do ano e eu obviamente esperei mais um tempinho antes de lê-lo.

Escrevi o parágrafo acima só para dizer que eu já sabia mais ou menos o que ia encontrar antes de ler o livro. Já tinha lido várias resenhas, comentários e afins e, mesmo que eles não deixassem claro qual é a situação, eu já sabia mais ou menos o que aconteceria ou, para ser mais exata, já imaginava onde estava Amy Dunne — e se você por acaso ainda não leu o livro e não faz ideia do que acontece nem quer spoilers, não leia o resto da resenha.

A questão, um dos trunfos de Garota exemplar, é que mesmo sabendo parte da história eu não me deixei de me surpreender com a parte dois do livro. Eu sabia que o diário era mentira, mas mesmo assim acreditei nele, de uma forma que só a ficção e bons autores conseguem fazer. Eu sabia que Amy era manipuladora, mas aceitei ser manipulada mesmo assim — até porque entre Amy e Nick, eu continuo preferindo a Amy; por mais maluca que ela seja, Nick é a definição de homenzinho de merda (ainda não vi o filme, mas tenho uma antipatia talvez gratuita pelo Ben Affleck, então imagino que ele esteja perfeito no papel).

A primeira metade do livro, quando conhecemos os personagens, pelo menos aos olhos de Nick, foi a minha favorita. Lá pelo meio da segunda parte, quando Amy começa a ter problemas, a história ficou um pouco cansativa. Primeiro achei que não era do padrão de Amy falhar tantas vezes em seguida, mas aí veio a questão: o livro não fala justamente sobre a diferença entre a imagem e a realidade? A Amy queria parecer uma pessoa inteligente e detalhista, mas a imagem que quer ter nem sempre corresponde à realidade. As pessoas erram.

A discussão por trás da história, que envolve relacionamentos, papéis sociais e máscaras, foi o meu aspecto favorito do livro. Outro motivo do sucesso de Garota exemplar é que é um suspense muito bem construído com críticas que funcionam bem. É um livro que prende o leitor e que o faz pensar ao mesmo tempo e com a mesma habilidade.

Eu poderia escrever mais e mais dos motivos por quais eu gostei tanto de Garota exemplar, e já sei que o livro cresceu em mim depois que eu terminei de ler — eu fui esquecendo do que me incomodou na leitura com o tempo —, mas acho que muito já foi dito sobre ele e provavelmente de modo melhor. Com personagens bem desenvolvidos e uma trama instigante, o livro é um ótimo thriller psicológico. Agora estou curiosa para ver a adaptação para o cinema, do David Fincher, e para ler mais da autora.

Avaliação final: 3,75/5

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Retrospectiva: livros de 2015

O difícil de ser teimosa e só querer escrever uma retrospectiva depois que o ano terminou de fato é que só agora, já na metade de janeiro, estou escrevendo a retrospectiva literária e colocando um ponto final nisso, ao mesmo tempo em que já estou concentrada nas leituras de 2016. Mas tudo bem, isso que dá seguir meus princípios.

Em 2015, eu li 63 livros (ou 65 se considerarmos dois contos que não coloquei na lista oficial). É mais ou menos o que li no ano retrasado, e um número que me deixa satisfeita — qualquer número acima de 40 eu já acho bom, e se for maior que 50 eu fico bem feliz. Mas quantidade não é qualidade, e por algum motivo eu saí um pouco decepcionada com as leituras que fiz. Um resumo é que foi um ano de muitas três estrelas ou três estrelas e meia, o que é bom, mas não é ótimo. Olhando depois minha lista, vi que até tem bastante quatro estrelas, mas são poucos os livros que ficaram comigo.

Existem vários motivos possíveis para isso: eu estou ficando mais chata com as leituras, passo a ser mais crítica quando escrevo resenhas, escolhi mal os livros ou tive simplesmente azar nas escolhas. Acho que foi um pouco de tudo. Cheguei a conclusão que, ao alugar livros na biblioteca e fazer compras apenas em promoções, dou prioridade para livros que eu estou curiosa para ler, e não que eu sei que vou gostar. Por exemplo, tem três livros que eu quero muito ler e estão sendo muito comentados por aí: A amiga genial, Estação onze e Stoner. Eu não li nenhum desses livros simplesmente porque não tem nenhum deles (ainda) na biblioteca e eles não chegaram a um preço razoável — quando se pode comprar um livro minimamente interessante por dez reais, já não considero pagar outros sem um desconto mínimo de cinquenta por cento. É claro, esses três livros podem ser decepções, mas tem algo em ler um livro enquanto ele está sendo comentado que me atrai muito; afinal, quando leio depois, tenho que ficar procurando as resenhas que li anteriormente nos blogs e me lembrar quem falou de que livro, enquanto se eu ler enquanto está na moda, as resenhas vão cair no meu colo. Além disso, também acabei dando preferência para autores novos, que têm menos chances de dar certo comigo, em vez de voltar aos meus favoritos, o que é idiota também pelo fato de que tenho vários desses me esperando em casa há anos. Li mais Jonathan Safran Foer? Junot Díaz? Diana Wynne Jones? J. K. Rowling? Não, porque estava muito ocupada alugando livros da biblioteca e quando lia algo da estante dava preferência para leituras de desafios. Não vou dizer que vou mudar; eu sempre começo janeiro relendo uma série querida e livros da estante, mas lá para o meio do ano já estou perdida na biblioteca e nas leituras da faculdade. Nesse ano, imagino que não vai ser muito diferente, dada a quantidade de romances que já sei que precisarei ler para o curso — pelo menos estou estudando o que gosto, não é?

Minha irmã um dia me disse que talvez atualmente ela gostasse mais de ler sobre livros do que ler livros em si. No começo, concordei. Não me imagino mais sem os blogs que leio, sem essa curiosidade de querer ler um monte de coisa, muitas das quais já imagino que não vou gostar tanto, só porque as pessoas estão falando sobre isso. Não é que eu vá atrás de tudo que faz sucesso, mas quando pessoas legais elogiam alguns livros, a vontade de conhecer é grande. No entanto, seria mentira dizer que eu não gosto do processo de leitura. Eu gosto. É um dos meus passatempos preferidos. Então talvez fosse mais correto dizer que continuo amando ler livros, só acho mais difícil gostar deles individualmente, o que não é um problema até que eu veja a lista de leituras do ano e perceba que poucos se sobressaíram. Faz sentido? Provavelmente não, mas vamos em frente. Agora eu vou começar de verdade a falar sobre as leituras de 2015...

Comecei o ano lendo Uma casa na escuridão, do José Luís Peixoto, para a faculdade. Uma leitura interessante, mas não era o que estava esperando considerando minha experiência anterior com o escritor. Também li para o curso Levels of life, do Julian Barnes, O crime do padre Amaro, Esaú e Jacó e Iaiá Garcia. Todas foram leituras razoáveis, com pontos positivos e outros nem tanto. No geral, o sentimento em relação à faculdade foi o de que eu já tinha lido os melhores livros dados nas matérias. Estudei Memórias póstumas de Brás Cubas, The bell jar e The catcher in the rye mas, com a exceção do último, não os reli porque me lembrava bem o suficiente deles (e porque o tempo é pequeno, tem outras prioridades, etc).


A segunda leitura do ano foi uma das melhores. Nada é um livro impactante, ainda que curto, e fiquei com vontade de ler mais livros do estilo — às vezes é bom se sentir mal(?). 2015 foi um ano de muitos livros curtos, tanto que acabei me enrolando e não resenhei muitos deles (ainda), como Um, dois e já, da uruguaia Inés Bortogaray, Duelo, do David Grossman, e Tormento, do John Boyne. Por mais que eu tenha gostado deles, as leituras curtas precisam ser mais fortes para ficarem na memória. Eu dei quatro estrelas para Um, dois e já, mas não o considero um dos meus livros favoritos do ano porque eu me sentei, li o livro inteiro e pronto. Fim do processo. Então talvez eu me lembre melhor de um livro maior de que eu não tenha gostado tanto do que de um menor que eu adorei, mas que não apresentou muitas novidades.

Li vários YAs, de diferentes tipos. Comecei o ano com Codinome Verity, um livro bom, mas não do meu estilo. Li vários livros que fizeram sucesso faz tempo, como Secret society girl, Quem é você, Alasca? e Cabeça de vento, e outros menos conhecidos aqui como Faking Faith, Don't fail me now e Not if I see you first, um lançamento do final de 2015. Foi dos YAs também que saiu a pior leitura do ano, The summer prince, uma distopia que se passa em um Brasil futurista caricato com personagens pouco carismáticos e um ritmo ruim. Eu diria que essa questão de ritmo e de empatia com personagens é pessoal, o que é verdade, mas mesmo assim não recomendo The summer prince para nenhum brasileiro se você não quiser ficar revirando os olhos e pensando "americanos..." com desprezo (tudo bem, eu admito: fui ler o livro já sabendo que essa seria minha reação).

Falando em Brasil, conheci alguns autores novos em 2015. Li Contos de mentira, da Luisa Geisler e, mesmo que não tenha gostado muito, estou animada para conhecer seus romances. Também conheci a Celeste Antunes, o Danilo Leonardi no seu livro juvenil Por que Indiana, João?, o lindo trabalho dos irmãos Cafaggi, e a Socorro Acioli, com o ótimo A cabeça do santo. Voltei a alguns conhecidos e li mais Antonio Prata, com histórias de infância divertidas, e Vanessa Barbara, com o livro de crônicas O louco de palestra e seus textos deveras paulistanos.

Das leituras que fisgam, mistérios, thrillers e tal, os destaques ficam com Misery, Caixa de pássaros e Garota exemplar, última leitura do ano. Nenhum desses livros é perfeito, mas todos mostram o poder de um bom suspense.
 

Li poucos infantojuvenis marcantes, sendo Winnie Puff claramente o mais importante deles. Que livro fofo! Eu aluguei na biblioteca, mas fiquei com vontade de comprar um exemplar, porque é tão bonitinho e às vezes eu preciso mesmo de um livro engraçadinho e queridinho e todos os inhos do mundo para me sentir bem (P.S.: saiu uma notícia dizendo que o Puff na verdade é fêmea, mas obviamente a imprensa fez manchetes enganadoras para chamar atenção. Existiu uma ursa chamada Winnie. Ela inspirou o A. A. Milne, que criou O urso Winnie (aka Urso Eduardo). Por favor, sites, não espalhem mentiras e não acabem com infâncias em nome de uma história falsa) (mas bem que o Puff poderia ser fêmea, porque a única fêmea da turma dele é a dona Kan. Por algum motivo (qual será? Risos), mesmo quando criam personagens animais eles são todos machos).

Das leituras adultas™, ficção contemporânea ou como você quiser chamar, preciso falar da Ali Smith. Suíte em quatro movimentos é um livro com um enredo meio absurdo, mas a história é tão cativante! É estranho o suficiente para se diferenciar de outras leituras, mas ainda assim é uma delícia de ler, e de modo mais convencional simpatizamos com os personagens. Estou animada para descobrir mais da autora e gostaria que ela fosse mais conhecida no Brasil.


E se tem alguém que não precisa ser mais conhecida no Brasil, pelo menos no ~meio literário~ que eu stalkeio frequento, essa pessoa é a Chimamanda. Ela foi unanimidade entre os blogs, uniu todas as tribos, etc e tal. Eu li Hibisco roxo e achei maravilhoso. Em retrospecto, o livro diminuiu um pouco na minha avaliação, porque eu tive uma relação emocional forte com ele, me vi muito na timidez da Kambili, e o elo criado acaba desaparecendo depois que a gente termina de ler o livro. Ainda assim, é muito bom, foi a melhor leitura do ano e estou curiosíssima para conhecer Americanah e principalmente Meio sol amarelo.

Aqui acaba minha loooonga retrospectiva. Foi um ano bem confuso para leituras e isso se refletiu no texto, mas acho importante uma retrospectiva mais pessoal para lembrar do ano de forma geral.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Cabeça de vento, Meg Cabot

Dr. Holcombe estava certo sobre uma coisa: eu estava começando a notar que algumas coisas pareciam diferentes do que eram antes do acidente.
E não apenas o fato de eu não gostar mais de sorvete. Isso era o menos importante nesse momento. O mais estranho até agora era o modo como a minha família estava agindo perto de mim... Como se eles não me conhecessem.
Era quase como se — e sei que isso parecia loucura — eu fosse outra pessoa.
Eu gosto bastante de alguns tropes bem forçados e clichês, como o de namorados-de-mentira-que-se-apaixonam-de-verdade, o de o-que-aconteceria-se-eu-não-existisse e o de troca de corpos. Então é óbvio que eu tinha vontade de ler Cabeça de vento desde que soube da sua existência — uma estudante que troca de corpo com uma modelo famosa é o tipo de coisa que grita "diversão!" para mim. E de fato o livro cumpriu seu papel.

Em mais detalhes, o livro foca em Emerson Watts, adolescente nerd que acredita "não ser como as outras garotas". Ela despreza as meninas populares, que sabem de tudo sobre as celebridades e que querem ser líderes de torcida. Só que, ao acompanhar sua irmã em um evento para ver o cantor sensação Gabriel Luna, Em sofre um acidente junto com a top model Nikki Howard. E quando certa manhã Em acorda de sonhos intranquilos, encontra-se em sua cama metamorfoseada em Nikki. Ou algo assim. Isso rende as confusões típicas da troca de corpo, como a dificuldade de se reconhecer no corpo alheio e de lidar com a nova vida; no caso, a vida de celebridade.

Assim como em O diário de princesa, Meg Cabot foca no processo de mudança e tenta quebrar alguns estereótipos. O problema é que já estou saturada desse papo de menina nerd que se acha superior, então fiquei um pouco cansada do discurso da Em, mesmo quando ele é ironizado — porque, afinal de contas, já sabemos que ela está errada e vai amadurecer.

O segundo e maior defeito do livro é que ele não tem final. Não acaba em um cliffhanger, mas as situações não se resolvem, o que é MUITO frustrante. Eu pretendo ler as continuações, mas acho péssimo quando o livro termina como se estivesse inacabado, sabem? Não quero me sentir obrigada a ler as continuações, quero sentir vontade de lê-las porque gostei do primeiro o suficiente — o que talvez acontecesse com Cabeça de vento de qualquer jeito.

Enfim, apesar dos pesares, gostei bastante da história. Achei que a Em podia ter mudado mais na sua trajetória, mas entendo que a Meg por enquanto tenha ido mais para o lado cômico e menos para o moral. É uma leitura rápida, engraçada e que prende a atenção, tudo que uma história de troca de corpos precisa, mesmo que essa não seja tecnicamente uma troca de corpos nem transferência espiritual, porque é só de um lado. Se eu não tivesse outras leituras programadas, leria as continuações logo em seguida, mas infelizmente elas vão ter que esperar. Às vezes tudo de que a gente precisa é de uma história mirabolante e divertida e obrigada, Meg Cabot, por trazê-las para nós.

Avaliação final: 3,5/5

sábado, 2 de janeiro de 2016

Retrospectiva: filmes de 2015

Em 2015 eu vi o total de 47 filmes, o que está mais ou menos dentro do esperado. Ainda não consegui postar o que escrevi sobre quase metade deles, mas garanto que vou publicar depois, até porque só falta digitar e transformar em post. Acho também que a seção vai passar a ter sempre dez filmes para não ficar atrasada demais. Mas enfim, voltando ao ano passado...

No começo do ano, fui na locadora do bairro pela última vez. Alugamos Uma longa queda e Ninguém pode saber. Eu frequentava pouco a locadora, mas ela tinha um acervo bem razoável de filmes clássicos, europeus e asiáticos, mais difíceis de achar na internet para quem não sabe baixar filmes e só vê online, como é meu caso. Ela não fechou, até onde eu sei, apenas se mudou para um lugar mais longe, mas com Netflix e internet a gente acaba preferindo as opções mais cômodas, não é?

Vi também alguns filmes do Oscar, tanto de 2015 quanto de 2014, sempre atrasada pois preguiça de ir atrás dos filmes na época da premiação — depois de ter que ficar procurando os posts nos blogs que eu leio sobre os filmes eu até cheguei a pensar em ver os filmes na hora certa e curtir a vibe de todos discutindo o mesmo assunto, mas obviamente já estou descartando a ideia porque eu não sou de ver muito filme em seguida, especialmente filmes que tenham o mesmo estilo, no caso, estilo filme de Oscar. Enfim, eu vi Álbum de família, Nebraska, Ela, Birdman e Whiplash. O destaque fica com Birdman: foi o filme mais marcante desses para mim e une boas atuações, boa direção, bom roteiro, boa edição... É um pouco cansativo — a trilha sonora é bem chatinha (bateria: instrumento do Oscar 2015) — e entendo quem ache um filme pretensioso, arrogante ou coisa do tipo. Mas eu não acho que o filme se leve tão a sério assim: é um filme hollywoodiano que critica Hollywood, afinal de contas. Ele está dentro do problema que apresenta. Sobre as categorias menores do Oscar, vi Ida, dos filmes estrangeiros, para o qual eu tinha poucas expectativas e acabou me impressionando, e A canção do oceano, uma animação bonitinha.


Falando em animações, meu projeto de assistir uma por mês deu certo. Eu falhei nos meses mais ocupados, mas consegui ver filmes que estavam na fila faz tempo, como O menino e o mundo, O castelo de Cagliostro e Cinco centímetros por segundo (esse foi uma decepção). Duas coisas legais sobre o projeto: a maioria dos filmes eu vi na televisão ou em mostras, sem precisar recorrer à pirataria, e consegui ver filmes de lugares mais diversos. Não vi nenhuma animação americana, e juro que foi sem querer. Assisti uma sul-coreana, uma uruguaia/colombiana, três brasileiras, uma francesa... Tem todo um universo fora da Disney e da Dreamworks para ser conhecido — mas é claro que volto para Hollywood quando precisar, porque ainda não vi Divertida mente.

O projeto de ver um filme da lista dos 1001 para assistir antes de morrer também funcionou bem. Vi alguns clássicos daqueles que são citados toda hora, como A felicidade não se compra, o eterno filme de Natal, e O sexto sentido, do plot twist mais famoso. Nem todos os filmes me empolgaram, mas ainda tenho muitas, mais de novecentas (risos), opções para explorar. O destaque aqui fica com Thelma & Louise, um filme de mais de vinte anos mas com uma temática feminista bem atual. 


Em 2015, eu participei do meu primeiro desafio cinematográfico, Não completei ainda e estou fazendo conforme dá vontade, mas assisti vários filmes que já queria ver mas estava procrastinando, como Adeus, Lênin! e Catfish. Eu encaixei os filmes que assisti nos temas primeiro, e agora estou indo atrás do que falta, como sempre faço, e pretendo concluir o desafio nesse ano. Tem vários temas que são um pouco fora da minha zona de conforto cinematográfica, mas consegui achar boas opções para várias categorias. Além disso, o desafio ajuda naquela hora de "quero ver um filme mas não sei qual", muito recorrente na minha vida. Porque se eu não fosse atrás de um filme do desafio, eu provavelmente assistiria a uma...

Comédia romântica indie, que não necessariamente precisa ser comédia, nem romance, nem indie (aliás, morro de vergonha toda vez que escrevo "indie", mas é o modo mais fácil de definir esses filmes, mesmo que não sejam de fato independentes). Porque eu obviamente vi vários filmes mais ou menos dentro da categoria: Ligados no amor, Uma notícia inesperada (a.k.a. Obvious child), Eu não faço a menor ideia do que eu tô fazendo com a minha vida, Gatos, fios dentais e amassos (esse é adolescente e eu só o citei aqui porque é uma bela comédia romântica adolescente, apesar do nome constrangedor), Será que? e Frances Ha. Todos passam uma sensação de conforto, alguns feels e às vezes também um pensamento de "já vi essa história antes". Frances Ha, nessa categoria, fica como o melhor, justamente porque a protagonista não precisa se encontrar no amor. É também provavelmente o mais identificável deles, uma jovem lidando com os vinte e poucos anos. Eu costumo ser pessimista na vida, por isso fico com um pé atrás em relação às mensagens desse tipo de filme, mas juro que quis acreditar na Frances e ser um pouco mais como ela.


Não vi muitos filmes ruins em 2015. O pior foi Sharknado, que não foi divertido como eu esperava. Outro filme que ficou na minha mente como ruim, apesar de eu ter dado uma avaliação de 3 estrelas, é Chamada a cobrar. Eu não entendi aonde ele queria chegar — um suspense? Uma comédia? É para a gente ter dó da protagonista ou para odiá-la? É até engraçado pensar que se nesse filme a mensagem se esconde, em Que horas ela volta?, da mesma diretora, ela está explícita demais. E também é curioso ver que alguém pode ter uma produção tão diferente: a Anna Muylaert fez um dos piores filmes do meu ano, mas também um dos melhores, porque sim, eu também adorei o onipresente Que horas ela volta?.

Eu fui assistir ao filme já tendo lido vários textões a respeito, porque meus amigos de Facebook, a maioria meio intelectual, meio de esquerda e ainda por cima mais ou menos do mesmo círculo de amizades da Anna Muylaert, adorou e divulgou incansavelmente Que horas ela volta?. E eu entendo, porque eu também tive a súbita vontade de escrever uma análise depois que vi o filme. Tem tanta coisa que pode ser analisada que a mão de escrever textão chega a tremer — mas eu resisti, amigos. E o filme não é só crítica social, ele também emociona, de verdade, e consegue prender o espectador.

O outro filme que merece o título de melhores do ano é O conto da princesa Kaguya. Ele demorou muito para chegar nos cinemas daqui, e a estreia foi adiada algumas vezes, mas valeu muito a pena ver essa animação na tela grande. Que filme lindo. Não sei dizer, só sentir... É um filme essencial para os fãs de animação, e virou um dos meus favorito do Ghibli.


E assim termina a retrospectiva de filmes de 2015, um ano em que quase não fui ao cinema no circuito comercial — meus dois favoritos do ano foram os únicos —, mas fui a várias mostras e aproveitei muito do que a programação de São Paulo tem a oferecer. Espero que esse ano também seja assim, com vários filmes bons e de diferentes gêneros.