quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Flipped, Wendelin Van Draanen

Flipped I’d spent so many years avoiding Juli Baker that I’d never really looked at her, and now all of a sudden I couldn’t stop. This weird feeling started taking over the pit of my stomach, and I didn’t like it. Not one bit. To tell you the truth, it scared the Sheetrock out of me.

Então o tema do Desafio do Tigre desse mês é amor. Um tema tão simples e tão fácil. Mas aí eu tinha um monte de opções e fiquei na dúvida do que ler. A sorte — ou azar — é que esse foi um mês pesado com outras leituras, e acabei tendo que selecionar um livro curto e leve de forma arbitrária. E acertei em cheio, porque Flipped é uma gracinha.

O livro conta sobre a relação de Bryce e Juli. Na primeira vez em que os dois se encontraram, antes da segunda série começar, Juli gruda em Bryce e ele fica assustado. Os dois são vizinhos e passam a estudar na mesma sala, o que deixa a garota muito animada. Bryce, porém, a acha uma obcecada, e tem medo dela. Aos poucos, conforme eles crescem, as coisas começam a mudar e viram de cabeça para baixo.

Flipped é contado pelo ponto de vista dos dois protagonistas, intercalando um capítulo do Bryce com um da Juli. Gostei bastante dessa forma de narrativa porque dá para ver claramente o que cada um pensa do outro e como cada um vê os acontecimentos. É bom também porque a autora conseguiu criar duas vozes bem distintas. Bryce é bem informal e a narração de Juli é um pouco mais séria, embora não deixe de ser engraçada às vezes.

O livro me lembrou bastante daquele filme ABC do amor, por mostrar o amor do ponto de vista infantil, e tem um clima muito forte de comédia romântica, do tipo que tem momentos que você torce para o casal, e aí dá tudo errado e você fica com muita raiva de um personagem, até que algo acontece e você gosta dele de novo… Enfim, o livro não surpreende tanto na estrutura básica do enredo, mas tem aspectos que fogem um pouco do clichê de romance. Como os personagens de Flipped passam da infância à adolescência, conseguimos ver o amadurecimento deles no período e como são suas relações com a família, que ocupa um papel quase central no livro.

Se eu tivesse que dizer um ponto negativo na história, eu diria que faltou falar um pouco das amizades escolares dos personagens. Não entendi direito quem Bryce é na escola, se ele é só um cara qualquer, se é o mais popular… Em cada capítulo eu entendia algo diferente, o que me deixou confusa. E parte de mim ficou decepcionada com o final, porque ele deixa várias coisas em aberto e eu queria tanto saber mais coisas sobre os personagens… Mas meu lado racional gostou bastante do fim. 

Enfim, recomendo Flipped para quem gosta de infantos-juvenis e de leituras leves e fofas. O livro não tem tradução para o português, infelizmente, mas pelo menos tem uma adaptação para o cinema, chamada O primeiro amor, que eu pretendo ver em breve.

Avaliação final: 4/5

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O verão do Chibo, Vanessa Barbara e Emilio Fraia

O verão de Chibo

Assim que o Bruno confirmou o passamento do nosso cascudo, confortando o Cabelo com a mão no ombro, observamos um minuto de silêncio. O Chibo não deixou ninguém ficar triste, e o que se viu em seguida foi o funeral mais suntuoso que houve nos lados de cá da árvore vermelha: meu irmão fez um discurso comprido, eu virei o meu short do avesso para parecer limpo e o Cabelo cantou “Eu Sou um Bolinho de Arroz”, alto e sem chorar, guardando todo o respeito que só as grandes personalidades inspiram.

                                                                                                   (O verão do Chibo, p. 31)

Não é segredo que eu adoro livros com narradores crianças. Sejam eles infantis ou para adultos, gosto de ver como o modo de pensar das crianças é recriado na literatura. Então, quando descobri O verão do Chibo, fiquei logo interessada em ler.

O livro conta a história das férias de verão de um menino, que costumava brincar com seu irmão mais velho, Chibo e outros amigos. Mas, nesse verão, ele é abandonado pelo Chibo sem saber o motivo e se sente rejeitado. As coisas não são mais as mesmas no milharal em que eles ficavam.

A leitura, infelizmente, não ocorreu no ritmo que eu esperava. O livro é curto, com cento e poucas páginas, mas foi difícil de entrar na história e eu demorei mais dias do que esperava para terminar de ler. O narrador tem o seu mundo de brincadeiras e achei complicado entender o que estava acontecendo. Aí, como não consegui entrar na história desde o começo, acabei ficando confusa e desanimada para continuar lendo.   

No entanto, O verão do Chibo tem momentos memoráveis, que causam identificação no leitor e uma saudades da infância. Gostei do trecho que eu separei, porque eu, mesmo sendo uma criança de prédio, também já fiz um funeral para um inseto. Só que ele não era treinado nem incrível como o Bob.

Esse é um dos livros que me deixam em dúvida se o problema sou eu ou eles. Talvez, se eu estivesse mais atenta à leitura desde o começo, teria me envolvido mais. Talvez o livro só não seja para mim. O lado bom de resenhar só por lazer é esse: eu não preciso me preocupar com a resposta dessa pergunta, só sigo em frente para a próxima leitura.

Avaliação final: 2,5/5

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Projetos de filmes e livros

Eu estava olhando o meu Listography e reparei que metade das minhas listas é de coisas para ler ou ver antes de morrer. Não sou dessas que acha que é obrigatório completar a lista, que é para mim mais como uma referência de clássicos e livros/filmes importantes. Mas, como adoro desafios e numerar as coisas, estabeleci algumas metas para mim, além de oficializar a participação em outros projetos. Todos os projetos e desafios atuais com suas respectivas listas estão na página de Projetos, que está na lateral do blog, para ficar mais fácil de visualizar.

Nesse post, só vou falar sobre meus novos projetos. Pensei em fazer um post assim só no final do ano, para incluir um possível desafio literário anual temático, mas como sempre finjo que não vou mais participar dessas coisas, fiz o post agora.

Sawyer reading challenge: esse desafio é do blog .Livro. Eu amo Lost e adoro o Sawyer, então decidi participar. Tem vários livros na lista que eu quero muito ler, e espero que participar do desafio me dê um incentivo para lê-los. Não vou fazer uma meta de leitura nesse projeto, vou ler quando der mesmo.

Rolling Stone’s 40 best YA novels: é a lista que vai ser mais fácil de completar. Eu vi essa lista e marquei os que já tinha lido e deu quase metade, então pensei: por que não completá-la? Tem vários livros que eu quero ler, então acho que não vai ser muito difícil. Só vou começar o projeto no ano que vem, com uma meta de seis livros por ano. Se eu quiser, vou ler as séries que estão na lista inteiras, mas não considero isso obrigatório, ler o primeiro volume já serve.

1001 livros para ler antes de morrer: não espero ler os 1001 livros nem nada do tipo, mas gostaria de ter um número de lidos um pouco mais expressivo que os atuais 40 da lista. Não vou estabelecer uma meta de um por mês porque achei que seria demais e se tornaria leitura por obrigação, então a meta é seis livros da lista por ano. Esse ano, já li os seis que precisava sem nem pensar nisso, então espero seguir nesse ritmo sem ter que ir atrás de livros que me desinteressam ou algo do tipo. Minha versão da lista é uma que peguei na internet, do livro original. Se eu tivesse a versão em português, seguiria ela, mas como já comecei com essa lista vou continuar com ela.

1001 filmes para ver antes de morrer: Eu sinto que faltam referências para eu entender vários filmes, então decidi começar o desafio para eu ver mais clássicos. Vou ver no mínimo um filme da lista por mês. Acho que não vai ser tão difícil ficar na meta, mas veremos como vai ser daqui a um tempo… Vou comentar os filmes como sempre faço, mas vai demorar um pouco porque ainda estou escrevendo sobre os filmes de agosto e não quero floodar o blog com post de filmes.

Animação todo mês: Esse projeto, como o nome indica, consiste em assistir a uma animação todo mês. Tem vários desenhos atuais que passam sempre na TV e eu fico com preguiça de ver, então decidi criar essa meta para me incentivar. Acho que vai ser muito fácil, porque costumo assistir até mais de uma animação por mês. Para esse desafio só contam animações que eu não tenha visto antes.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

O Palácio da Meia-Noite, Carlos Ruiz Zafón

Capa O palacio da meia-noite.indd

A luz nebulosa daquele dia quente e úmido de maio, os perfis dos relevos e das gárgulas do refúgio secreto da Chowbar Society pareciam figuras de cera talhadas à faca por mãos furtivas. O sol se escondia atrás de um espesso manto de nuvens cinzentas e um mormaço asfixiante subia do rio Hooghly para se condensar nas ruas da cidade negra, imitando os vapores letais de um pântano envenenado.

 Esse é o terceiro livro do Zafón que eu leio. Gostei bastante do primeiro que li dele, mas achei superestimado ao mesmo tempo. O segundo eu achei um pouco pior, mas ainda assim foi uma leitura agradável, porque é dessas bem envolventes. Já O Palácio da Meia-Noite não me encantou em quase nenhum aspecto.

O livro tem uma pegada mais juvenil de aventura e mistério, narrando uma história que inclui gêmeos separados ao nascer, uma sociedade de órfãos, trens em chamas e um vilão que é o mal encarnado.

Primeiro problema meu com o livro: a tal da aventura é fraca e é fácil de descobrir algumas revelações, então um pouco do mistério se perde. Mesmo que eu tenha continuado curiosa para saber como os personagens iam descobrir as coisas, o fato de os personagens se separarem no final me irritou. Eu queria continuar lendo a parte do personagem X, aí bem na hora de suspense acaba a parte dele e vem a de outro. Isso acaba cortando o clima que a história tinha se esforçado para criar. E o final é ruim e forçado.

Achei os personagens pouco desenvolvidos. Cada um tem seus gostos e características básicas definidos, mas na hora de agir não dá para diferenciar os garotos. Não consegui me conectar os protagonistas, acabei simpatizando mais com alguns coadjuvantes.

A linguagem do Zafón pessoalmente não me agrada. Não sou fã de metáforas e comparações, acho descrições grandes chatas… Além da questão de gosto, acho que esse é o livro mais mal escrito dentre os que li do autor, o que faz sentido considerando que é apenas o segundo livro dele. Lendo O Palácio da Meia-Noite depois de ler outros livros dele, dá para ver claramente o quanto o Zafón evoluiu.

Enfim, deu para perceber o quanto eu não gostei desse livro. A leitura até que me envolveu, mas achei o enredo tão fraco… Não vou dizer que não indico para ninguém, porém mesmo os fãs do Zafón devem ir com expectativas mais baixas, porque o risco de decepção é grande.

Avaliação final: 2/5

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Ciranda de pedra, Lygia Fagundes Telles

Ciranda de pedra

Virgínia pôs-se a assobiar baixinho (…) Olhou pensativamente a unha do polegar roída até à carne. A verdade é que Bruna e Otávia estavam muito bem sem ela. “E nem pedem para ver a mãe, faz mais de um mês que não aparecem. E a mãe está pior. Bruna diz que é castigo. Conrado diz que é mesmo doença, mas Otávia não diz nada. E Luciana?” Voltou-se para a empregada e ficou a observá-la.

                                                                          (Ciranda de pedra, p. 27)

Ciranda de pedra é outro livro da série minha-irmã-pegou-na-biblioteca-então-eu-decidi-ler-também. Nunca tinha lido nada da Lygia Fagundes Telles antes, e nem sabia sobre o que era esse livro. Eu poderia dizer que terminei a leitura satisfeita, mas a verdade é que terminei com a sensação de decepção, porque não gostei do final. Mas, considerando o todo, gostei muito do livro.

Ciranda de pedra conta a história de Virgínia. Na primeira parte, ela é criança. Seus pais se separaram, ela mora com a mãe, que é doente, e com Daniel. As irmãs dela moram com o pai. Virgínia se sente isolada, sozinha e confusa, sem poder falar sempre com a mãe e não sendo convidada para sair com as irmãs. Na segunda parte, ela é uma jovem adulta que volta para a casa da família. Lá, enxerga as mudanças nos membros da sua família e entende melhor suas relações com eles.

Bom, demorei um pouco para entrar no livro. A narração é intensa e já põe o leitor dentro da história desde o começo. Depois de um tempo passei a entender a situação, e é incrível como dá para entrar na mente da Virgínia, de um modo que se começa a sentir as mesmas coisas que ela. A segunda parte me decepcionou um pouco. Não achei tão fácil entrar no livro de novo, não consegui me conectar tão bem com essa Virgínia mais velha. Continuei gostando bastante, mas não tanto quanto do começo. E aí chegou o final.

Ah, a decepção… Fico um pouco dividida em falar mal do final porque acho que é assim que deveria ter sido. Mas acontece que foi rápido demais; em um momento a Virgínia pensa em uma coisa, depois ela tem uma epifania que não aparece completamente para o leitor — pelo menos na minha interpretação — e pronto, fim do livro. Se o final tivesse sido mais desenvolvido, eu teria gostado mais dele, eu acho.

Mesmo assim, adorei conhecer a narrativa da Lygia Fagundes Telles e fiquei curiosa para ler mais da obra dela. Ciranda de pedra teve seus altos e baixos durante a leitura, mas vale a pena conhecer, especialmente quem gosta de livros com alta densidade psicológica.

Avaliação final: 4/5

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Anime: Usagi Drop

 Usagi Drop 2 Não costumo assistir a muitos animes, porque intercalo com séries e não tenho paciência para ver vários episódios por dia. Mas, desde que eu voltei a assisti-los, senti a necessidade de escrever sobre eles, porque eu acho legal ter textos sobre isso no blog e gosto de me lembrar do que já vi. Ainda não sei se vou falar sobre séries também, porque é meio complicado com as questões de temporada e tal, mas provavelmente vou acabar escrevendo sobre elas também de vez em quando.

Usagi Drop é sobre um homem de trinta anos solteiro, chamado Daikichi, que acaba adotando a filha de seu avô quando este morre. A família não sabia da existência da garota, Rin, até então, e Daikichi, ao ver como ela é tratada pelos outros, decide levar a menina para sua casa. Aos poucos, ele aprende que conciliar os cuidados de uma criança, o trabalho e a vida social não é tão fácil quanto parece.

O anime tem onze episódios de vinte e poucos minutos mais quatro especiais de cinco minutos cada e no final eu queria mais. Nos primeiros episódios, há mais desenvolvimento da história, já que é quando conhecemos os personagens e alguns deles se conhecem pela primeira vez. Depois de um tempo, no entanto, eles se acostumam com a situação e a série se torna mais cotidiana ainda, com fragmentos da vida diária de Daikichi e Rin.

Usagi Drop Usagi Drop não é um anime que tenha um grande desenvolvimento psicológico dos personagens; o que a gente assiste é a interação entre eles. E essa simplicidade, que não exclui o carisma dos personagens, é o que acaba encantando. Além disso, a série trata de um tema importante na vida de todos, a família, e traz aspectos interessantes para reflexão.

A animação, combinando com o resto da série, é simples e bem feita, ajudando tudo a ficar mais fofinho — só de ver as expressões da Rin, já fico sorrindo que nem boba. Essa, aliás, foi a minha reação assistindo ao anime: um sorriso bobo e um coração quentinho. A série traz alguns dramas às vezes, mas no geral é muito leve. Isso é, inclusive, uma coisa que eu achei que poderia melhorar: quase tudo é perfeito demais, acho que poderiam ter ido mais a fundo em alguns problemas.

Usagi Drop foi adaptado de um mangá que foi lançado no Brasil há pouco tempo e é conhecido por ter um final polêmico. O anime acaba antes disso e, embora eu não tenha lido o mangá, acho que essa foi uma boa decisão. 

Na minha opinião, essa é um boa série para quem tem curiosidade em conhecer mais sobre animes, porque não precisa de uma boa base de cultura japonesa e não tem tantas referências. Eu recomendaria para alguém que acha que anime é coisa de criança, por exemplo, para a pessoa ver que existem séries mais maduras e realistas. No entanto, se a pessoa tiver preconceito com qualquer tipo de animação ou não conseguir lidar com alguns clichês de animes, Usagi Drop provavelmente não vai mudar isso.

Enfim, termino a série triste por não ter mais coisa para assistir e imagino que vou revê-la no futuro. Não sei se consegui expressar direito tudo que achei do anime; tenho a impressão de que não. Mas fica a recomendação mesmo se você não tenha entendido nada do que eu falei na resenha.

Usagi Drop 3

Avaliação final: 4,5/5