sexta-feira, 29 de agosto de 2014

TAG: Isso ou aquilo?

Faz tempo que estou com essa tag para fazer. Pelo que eu entendi, foi a Tati Feltrin que a traduziu para o português.

1. Audiobook ou livro?
Livro, nunca tentei ouvir um audiobook. Sou uma pessoa mais visual que auditiva, mas não tenho nada contra experimentar um audiobook algum dia.

2. Capa dura ou capa mole?
Gosto de capa dura pelo visual, é mais bonito, mas como a maioria dos meus livros é de capa mole, os de capa dura acabam ficando estranhos na estante. Então fico com capa mole. Além disso, capa dura com jacket pode ficar feia com o tempo, a jacket vai amassando…

3. Ficção ou não-ficção?
Ficção. Não tenho o costumo de ler não-ficção, e poucos livros do tipo me interessam.

4. Fantasia ou vida real?
Vida real, mas gosto muito de fantasia também.

5.Harry Potter ou Twilight?
Harry Potter, sem dúvidas. De Crepúsculo só li os dois primeiros volumes e até gostei na época, mas é total guilty pleasure, do tipo gosto e acho ruim ao mesmo tempo.

6. E-book ou livro físico?
Livro físico. Tenho um Kindle e gosto muito dele, mas uso mais para livros que eu não compraria e que são difíceis de pegar na biblioteca. Gosto bastante de observar o trabalho gráfico de livros, e isso se perde um pouco em e-books.

7. Comprar ou pegar emprestado?
Depende. Livros de autores que eu gosto muito ou de contos eu prefiro comprar. Mas na verdade eu acabo comprando só livros em promoção que me interessam. O resto eu pego na biblioteca. 

8. Livro único ou série?
Livro único! Basicamente, gosto de séries, mas quanto mais um volume da série for independente do outro, mais eu gosto. Detesto essa coisa de “li o primeiro volume e agora vou ter que ler toda a série para entender bem a história”.  

9. Livraria física ou on-line?
Gosto de olhar livrarias físicas, mas acabo comprando mais pela Internet mesmo, pelas promoções.

10. Livro longo ou curto?
Eu prefiro livros que considero médios, de umas 200 a 300 páginas, que dão para desenvolver bastante, mas sem exagero. De qualquer jeito, depende muito do livro, cada um pede um tipo de extensão. O fato é que tenho preguiça de começar livros compridos...

11. Drama ou ação?
Drama. Não gosto muito de ler cenas de ação.

12. Prefere ler no seu canto ou tomando sol?
No meu canto. São raras as ocasiões em que posso tomar sol completamente sozinha, sem ninguém para me atrapalhar, então prefiro ficar em casa mesmo.

13. Chocolate quente, café ou chá?
Chocolate quente, mas não ligo muito para nenhum, e não gosto de ler tomando alguma coisa.

14. Prefere ler a resenha ou decidir por si?
Eu gosto de ler resenhas, mas também acho legal ler um livro sem ter nenhuma ideia dele, então não sei. De qualquer jeito, leio muitas resenhas, e acabo lendo mais livros influenciada por elas do que decido sozinha.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A redoma de vidro, Sylvia Plath

A redoma de vidro

Mesmo sabendo que devia estar agradecida à senhora Guinea, eu não conseguia sentir coisa alguma. Se ela tivesse me dado uma passagem para a Europa, ou para um cruzeiro ao redor do mundo, não teria feito nenhum diferença para mim, porque onde quer que eu estivesse — fosse em um convés de um navio ou num café de Paris ou em Bangcoc — estaria na mesma redoma de vidro, cozinhando no meu próprio azedume.

                                                                                               (A redoma de vidro, p. 170)

Minha irmã leu A redoma de vidro para um clube do livro do qual ela participa e eu aproveitei e li também. Fiquei curiosa para lê-lo desde que vi que várias blogueiras que eu acompanho leram e amaram, mas não fiquei com expectativas muito altas porque pensei que talvez não fosse o tipo de livro do qual eu costumo gostar. Mas o resultado foi bem positivo: adorei o livro.

A redoma de vidro conta a história de Esther, uma jovem americana. Ela sempre foi uma estudante dedicada e conseguiu um estágio em uma revista feminina em Nova York. Depois, quando ela volta para a sua cidade natal, descobre que não conseguiu uma vaga para um curso de férias que queria fazer e se sente mais perdida ainda sobre o que vai fazer depois da faculdade. Logo a sua confusão vira uma vontade de se matar, e Esther passa por uma série de hospitais tentando curar a sua depressão, que na época era vista como loucura.

O início do livro, que conta as aventuras de Esther em Nova York, me lembrou de O apanhador no campo de centeio. Nos dois, vemos uma narração em primeira pessoa honesta e um protagonista que sente que não se encaixa na sociedade. Esther parece estar fazendo tudo que pode para a sua vida dar certo, mas mesmo assim não consegue se sentir feliz e satisfeita. Essa parte do livro, que corresponde mais ou menos a primeira metade, é fácil de ler e é até engraçada em alguns momentos, mas não me deixou tão envolvida, tanto é que demorei uns três dias para ler as suas cem páginas. Foi uma leitura do tipo boa enquanto se está lendo, mas que não me fez sentir vontade de pegar e ler, ou continuar sempre para o próximo capítulo.

No entanto, essa sensação de falta de envolvimento parou quando cheguei na segunda parte, em que Esther se encontra sem direção e sem ânimo. Fiquei muito curiosa para saber que rumo a história ia tomar e o que a protagonista iria fazer — mesmo que eu já soubesse o final da história.

Acho que um dos fatores que faz as pessoas gostarem tanto desse livro é a identificação com a personagem, já que quase todos nós passamos por momentos de dúvida, sobre estarmos no caminho certo, o que devemos fazer... Esther não sabe o que vai fazer da vida — se deve fazer o que é esperado dela, que é casar e ter filhos; se é ter algo seguro, saber taquigrafia para poder ensinar ou usar em um emprego, ou se faz o que quer mesmo fazer, que é ser poetisa e escritora. A única certeza que ela tinha na vida era a de que se dava bem nos estudos e tinha talento para escrever, mas essa certeza é destruída quando sua participação no curso de um escritor renomado é negada. 

Além disso, muita gente já passou por momentos de apatia ou tristeza profunda, e Sylvia Plath os descreve muito bem. Aliás, mesmo que eu não tenha me envolvido tanto no começo, todo o livro é bem escrito, com sinceridade e toques líricos. Isso talvez aconteça porque a própria autora sofreu com a depressão e o livro é cheio de toques autobiográficos, de forma que ela escreveu sobre algo do qual tinha pleno conhecimento.

A redoma de vidro também apresenta questionamentos importantes sobre a condição da mulher. A orelha da edição que li diz que a voz poética de Plath é absolutamente feminina. Quando li isso, fiquei um pouco irritada, porque ninguém diz que um poeta homem tem uma voz masculina, por exemplo. Se a escritora é mulher, tem que dizer que é feminina, mas se é homem, é considerado que ele fala sobre todos. Enfim, o que eu queria dizer é que depois de ter terminado o livro, até entendo o que a sua orelha quer dizer, pois Esther sempre se questiona sobre o papel da mulher e com isso acaba mostrando o machismo da época.

Bom, para concluir, a leitura de A redoma de vidro foi uma experiência marcante para mim, e é um livro que tem crescido quanto mais eu penso sobre ele.   

Avaliação final: 4,5/5

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

5 discos que marcaram a minha vida

Faz tempo que o Rotaroots surgiu com a proposta desse post. Eu não participo do grupo, mas roubei a ideia porque achei que é uma lista interessante para se fazer. E é uma boa forma para eu falar de música, porque mostra várias fases diferentes do meu gosto musical e eu acho mais difícil falar sobre o meu gosto atual,  já que tenho prestado menos atenção no que ouço, que acaba ficando como pano de fundo enquanto faço outras coisas. Bom, como está no título, a proposta é listar discos que marcaram a vida de alguma forma.

1- Canções Curiosas, Palavra Cantada

Canções curiosasPalavra Cantada representa a minha infância. Outros CDs deles, como Cantigas de Roda e Canções de Brincar, também foram importantes para mim e eu fiquei em dúvida em qual escolher, mas acabei com Canções Curiosas pelo apelo que ele tem com muita gente da minha idade ou um pouco mais velha. Afinal, que criança nascida nos anos 90 não sabe a letra de “Criança não trabalha”? Ou nunca viu o clipe de “O rato” que passava na TV Cultura? Todos os meus amigos gostavam também, minha classe cantou “Trilhares” na aula de música… Faz tempo que eu não ouço o disco, mas não duvido que sua magia continue existindo.

2- Let Go, Avril Lavigne

Let go Esse foi o primeiro CD que eu comprei. Todas as minhas amigas gostavam, eu provavelmente devo ter ouvido alguma música da Avril com elas e gostei. Não virei fanática pela cantora nem mudei meu estilo infantil camiseta-e-calça-de-moletom para estilo gótica skatista, mas o fato é que eu ouvia muito o disco, e gostava muito dele. Eu ainda sei o nome da maior parte das músicas e quando ouço sinto uma grande nostalgia. E continuo gostando e sem vergonha de admitir.

3- 1, The Beatles

1 1 é o CD que me fez gostar de Beatles. Antes meus pais até ouviam a banda, mas eu não ligava muito. Até que eu ganhei esse disco dos pais de uma amiga e comecei a prestar atenção nas músicas. Foi graças a ele que minha família comprou vários CDs dos Beatles, substituindo os vinis que a gente tinha e não podia mais ouvir por causa da vitrola quebrada. Então é graças ao 1 que eu acabei conhecendo o Revolver, o Rubber Soul, o Sgt. Pepper’s, o Abbey Road… Por mais que eu não ouça muito a banda hoje, Beatles tem um clima familiar do qual eu gosto muito, porque me lembra de fins de semana ouvindo os discos na sala, com meus pais cantando.

4- American Idiot, Green Day

American idiotO American Idiot representa o início da minha fase MTV e quando eu comecei a realmente me importar com música: pesquisar novas bandas, esperar ansiosamente um clipe estrear, ler e guardar notícias de jornal que saíam sobre minhas bandas preferidas… Saudades dessa época. Como sempre fui meio atrasada, só comecei a gostar do disco quando ele já tinha saído um pouco de moda na minha escola, porque a moda do emo estava começando a nascer e ninguém queria ser associado a ela, então acabei dividindo meus momentos fanáticos com a internet, especialmente nos fóruns do querido site Neopets. Lá eu fiz altos amigos a partir do meu gosto musical e de conversas sobre My Chemical Romance e Green Day. E apesar de eu não gostar muito dos álbuns mais antigos deles (sou poser!) e nem dos mais atuais, continuo gostando bastante do American Idiot e acho que é o meu CD favorito da minha fase roqueirinha. Até tentei emplacar novos gostos como Fall Out Boy e Panic! At the Disco, mas acabei só ligando para os hits deles mesmo.

5- Vanguart, Vanguart

Vanguart Foi um pouco difícil de decidir o último lugar da lista. O Let Go e o American Idiot são os CDs físicos que eu tenho que são mais marcantes. Os outros que não estão nesse lista eu mal olhei os encartes, confundo as músicas ou só gosto de algumas… A internet dificultou mais ainda que eu gostasse de álbuns inteiros, já que permite o shuffle ou baixar músicas avulsas. Mas me lembrei do Vanguart. Além de o CD ser importante para mim e eu conhecer bem a maioria das músicas, ele representa outra fase importante: a fase dos shows e da música brasileira. Foi a partir do gosto por Vanguart que comecei a ir a vários shows de bandas brasileiras em SESCs ou centro culturais. E descobri meu gosto por shows pequenos, intimistas. Vou a shows de bandas internacionais se gosto o suficiente delas para valer o preço do ingresso, mas a verdade é que não gosto da multidão fanática desses shows. Prefiro enxergar bem o palco, para ver a troca de olhares e sorrisos entre os membros das bandas, ou a interação entre os músicos e o público. Essa é outra fase de que tenho saudades, porque agora muitas das bandas que eu gostava acabaram ou ficaram muito populares como a própria Vanguart , de forma que os shows ficam muito cheios e eu fico com preguiça de ir e ter a chance de não poder entrar por causa de ingressos esgotados. Sinto falta de música ao vivo, pois ela me faz prestar mais atenção nas próprias canções e atualmente tenho feito pouco isso. Mas estou ouvindo todas as músicas que tenho no computador para separar as que vão para o iPod sem fazer outra coisa ao mesmo tempo e comecei a usar o Rate your music para avaliar os discos, então pode ser que as coisas mudem. Ainda assim, acho que nada se compara ao envolvimento com música que eu tinha antes.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Delirium, Lauren Oliver

Delirium

Ninety-five days, and then I’ll be safe. I’m nervous, of course. I wonder whether the procedure will hurt. I want to get it over with. It’s hard to be patient. It’s hard not to be afraid while I’m still uncured, though so far the deliria hasn’t touched me yet.
Still, I worry. They say that in the old days, love drove people to madness. That’s bad enough.
The Book of Shhh also tells stories of those who died because of love lost or never found, which is what terrifies me the most.
The deadliest of all deadly things: It kills you both when you have it and when you don’t.

Delirium foi o livro do mês do clube do livro do qual eu participo. Estava curiosa para ler porque gostei bastante do outro livro da Lauren Oliver que eu li, Before I fall, e, apesar de algumas experiências ruins com o gênero, o enredo de distopias YA sempre me atrai.

O livro conta a história de Lena, que vive em um mundo onde o amor é uma doença. As pessoas nascem com chance de pegá-la, mas aos dezoito anos são curadas com uma cirurgia. Além disso, elas têm todo o seu futuro definido com base em uma prova: se vão poder fazer faculdade, no que vão trabalhar e com quem vão casar. Lena estava ansiosa para a sua cirurgia, até que ela conhece um garoto que vai mudar toda a sua visão de mundo.

Sim, é um enredo bem típico de distopias. Feios, por exemplo, também traz uma cirurgia para entrar no padrão da sociedade, e Awaken tem o mesmo enredo do garoto que acorda a protagonista da sua alienação (só um comentário para aliviar a minha consciência: todas as resenhas citadas nesse post são antigas, e eu mudei a minha maneira de pensar quanto ao termo YA. Mas as opiniões sobre os livros continuam as mesmas).

A questão é que Delirium poderia se destacar mesmo assim, com personagens interessantes, uma narrativa diferenciada ou algo do tipo. Mas, infelizmente, não foi o que aconteceu. O livro é clichê em quase todos os aspectos: o enredo é previsível, porque as revelações que deveriam criar tensão são um pouco óbvias; os personagens são típicos de livros YA a garota normal e insegura que tem uma amiga mais rebelde, o garoto que não tem personalidade além de amar a garota e ser lindo —; as descrições dos personagens são repetitivas sempre focando nos olhos e nos cabelos e as de sentimentos e sensações também cada toque é um choque, uma faísca… Bom, pelo menos as descrições de cenário são boas, embora um pouco longas demais para o meu gosto.

Mesmo assim, continuo gostando da crítica que a autora faz, porque não é tão direta. Muitos autores fazem distopias sobre assuntos óbvios e não deixam nada para a reflexão dos leitores, mas a Lauren Oliver me fez pensar bastante é verdade que pensei pouco sobre amor romântico, mas a reflexão de cada um é pessoal. A forma que a autora cria o mundo também é interessante: cada capítulo começa com um trecho de alguma coisa do mundo em que os personagens vivem, como livros históricos ou científicos e canções infantis tradicionais, de forma que vamos conhecendo aos poucos mais sobre a sociedade criada. Ainda falta bastante coisa para ser explicada, mas como o livro faz parte uma série, acho que faz parte.

Enfim, eu não gostei muito do livro e nem pretendo continuar a série, mas é mais por ele não trazer muitas novidades ao gênero do que por ele ser ruim propriamente. Talvez, se fosse minha primeira distopia, eu aumentaria um ponto na minha avaliação.

Avaliação final: 2,5/5

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Os últimos filmes que eu vi #6

1- Divergente (Neil Burger, 2014)

Divergente Não sou das mais ansiosas para ver adaptação de livro no cinema, mas fiquei curiosa para ver Divergente, por achar que teria boas chances de ter sido bem adaptado e também por ter sido elogiado pelos fãs do livro. Não tinha expectativas altas por não ter morrido de amores pelo livro, mas gostei do filme. Teve algumas mudanças que deixaram a história mais clara e mais crível, os cenários são legais, eu gostei do ritmo e achei o filme envolvente. Pontos negativos: o romance foi mal desenvolvido (o Quatro mostra pouco o seu lado legal antes de ele e a Tris ficarem juntos), os amigos da Tris ficaram meio parecidos entre si e não tiveram muito destaque, algumas cenas como a da tirolesa ficaram meio soltas sem a importância que têm no livro, e eu me lembrei de que não gosto de cenas de ação… Preguiça de cenas de tiroteio e de lutas, acho muito artificial. Avaliação: 3,5/5

2- Inside Llewyn Davis: balada de um homem comum (Ethan e Joel Coen, 2013)

Inside Llewyn Davis Estava curiosa para ver esse filme sobre um cantor folk que nunca fez sucesso. Tentei ver quando estava em cartaz, mas a sessão deu problema e não consegui assistir. Aí, o Centro Cultural São Paulo fez uma mostra de cinema nórdico de gênero que comparava filmes nórdicos com americanos parecidos. Não vi nenhum nórdico, mas acabei tendo a chance de ver Inside Llewyn Davis na tela grande por um real (CCSP, eu te amo!). Sobre o filme em si, não é muito surpreendente quanto ao enredo, e nem acontece muita coisa, mas não acho que isso seja um problema, porque não me cansou. Não sei dizer exatamente o motivo de eu ter gostado tanto dele, mas fica a dica para quem gosta de música folk. Avaliação: 4/5

3- Ernest e Célestine (Stéphane Aubier, Vincent Patar e Benjamin Renner, 2012)

Ernest e Celestine  Só fiquei sabendo desse filme por causa da indicação para o Oscar de melhor animação. Achei que seria difícil de encontrar algum lugar para assisti-lo, mas acabou passando na televisão e antes disso eu tinha achado fácil um link para vê-lo pela internet. Ernest e Célestine é uma gracinha. O enredo é bem simples, mas a história envolve e tem até crítica social. É gostoso de assistir e é um bom filme para momentos de tédio. Não está na minha lista de animações favoritas, mas vale a pena. Avaliação: 4/5  

4- Hoje eu quero voltar sozinho (Daniel Ribeiro, 2014)

Hoje eu quero voltar sozinho Outro filme que eu vi por um real no Centro Cultural São Paulo. Eu já tinha visto o curta e gostado, mas não amei como tanta gente amou. A mesma coisa aconteceu com o longa. Achei que o filme começa um pouco artificial, e vai ganhando força aos poucos. É sensível, tem uma abordagem delicada para um tema delicado, mas eu senti falta de desenvolvimento em outras frentes além da romântica como a relação dos pais, a história do intercâmbio… Faltou fechar um pouco melhor essas partes da história. De qualquer jeito, eu gosto de filmes adolescentes brasileiros porque me identifico com eles e adoro ver o meu (antigo) cotidiano escolar no cinema. Além disso, também gosto de ver São Paulo em filmes, e reconheci alguns cenários em Hoje eu quero voltar sozinho. Avaliação: 3,5/5

5- Pocahontas: o encontro de dois mundos (Mike Gabriel e Eric Goldberg, 1995)

Pocahontas É muito triste perceber que eu não ligo tanto para quase nenhum filme da Disney que eu achava que era um dos meus favoritos. Pior ainda é não me lembrar se eles eram de fatos favoritos ou eu estou confundindo meu gosto com o da minha irmã. Em geral estou achando os filmes bonitinhos, com músicas legais, mas as histórias são muito simples e eu sinto que fica faltando alguma coisa… Pocahontas continua sendo legal, por ter lições importantes e tratar de um povo que tem pouco protagonismo em Hollywood, mas não vai ficar na memória como um filme excelente. Avaliação: 3,5/5

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

A lua de mel, Sophie Kinsella

A lua de mel

Tomo um grande gole de água e tento encontrar lucidez nos pensamentos enlouquecidos. Sejamos sensatos. Vamos pensar sobre isso com cautela. Nós já brigamos? Não. Ele era boa companhia? Era. Gosto dele? Nossa, gosto. Tem mais alguma coisa que preciso saber sobre um marido em potencial?

— Você tem piercing nos mamilos?   pergunto com um mau presságio repentino. Piercing nos mamilos não é uma coisa da qual eu goste.

Fazia um bom tempo que eu não lia chick lit. Costumo gostar do gênero, mas atualmente os YAs já preenchem minha cota de leituras leves e divertidas. E tenho um pouco de preguiça do tamanho dos livros de chick lit. A maioria tem mais de quatrocentas páginas e por mais que em geral passe rápido, não dá para garantir que será uma leitura muito envolvente.

Mas minha tia me emprestou A lua de mel e o tema do mês no DL do Tigre é de livros engraçados, então achei uma ótima oportunidade para ler um chick lit. O livro é da Sophie Kinsella, autora da série da consumista compulsiva Becky Bloom — da qual eu li o primeiro livro e gostei.

A lua de mel conta a história de duas irmãs: Lottie e Fliss. Lottie acha que seu namorado vai pedi-la em casamento, e quando ele não faz isso ela termina o relacionamento. De coração partido, ela acha uma boa ideia se casar com o seu primeiro amor, Ben, logo depois de eles se reencontrarem. Fliss, divorciada e desiludida, acha a ideia péssima e quer fazer de tudo para impedi-la, até sabotar a lua de mel da irmã.

O livro começa interessante, embora seria melhor ainda se a sinopse não falasse nada do enredo, de forma que a surpresa que os personagens sentem poderia ser compartilhada por nós também. Lottie é a protagonista típica de chick lits, uma mulher bem sucedida profissionalmente, romântica, atrapalhada e sem noção. Na maior parte do livro, especialmente no começo, fiquei bem irritada com ela, porque ela faz tantas besteiras… Mas, depois de acompanhá-la por quase quinhentas páginas, no final até torci um pouco por ela. Já Fliss é mais sensata, mas tem sua dose de acontecimentos constragedores  e é controladora em um nível tão alto que não é fácil gostar dela no começo também.

As personagens são irritantes, mas, talvez justamente por isso, são engraçadas algumas vezes, em geral na narração ou nas falas. O problema é que o humor de vez em quando é muito forçado, especialmente as sabotagens que Fliss faz na lua de mel. É exagerado e parece um filme ruim de comédia escrachada. Possivelmente até funcionasse melhor em um filme, aliás… Eu preferi o filme ao livro de Becky Bloom, por exemplo.

Se o começo e a metade do livro tentam ser engraçados — e às vezes conseguem —, o final é muito lição de moral, muito “felizes para sempre” para o meu gosto. E é obviamente previsível desde o começo do livro. Mas mesmo assim uma parte de mim ficou feliz que tudo deu certo, mesmo querendo um toque maior de realidade.

Apesar dos defeitos ou críticas, achei a leitura bem envolvente no final. É do tipo de livro que vai crescendo conforme você vai se apegando aos personagens, por mais chatos que eles sejam. Eu vi muitos fãs da Sophie Kinsella falando que não gostaram de A lua de mel, então eu não sei se eu recomendaria para quem gosta bastante de chick lit. E nem para quem não lê com tanta frequência, porque não duvido que tenha livros melhores do gênero por aí. Mas eu aprovei a leitura e quando tiver vontade pretendo ler outros livros mais famosos da Sophie Kinsella.

Avaliação final: 3/5

(a partir de agora, vou linkar o título do livro na resenha à sua respectiva página no Skoob)

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Sobre diversidade na literatura

No início do meu blog, fiz um post discutindo sobre qualidade e quantidade em relação à leitura. Algumas coisas mudaram no meu modo de pensar — eu tinha quinze anos quando fiz o post —, e hoje eu sou bem menos tolerante com pessoas elitistas com literatura — embora eu mesma tenha comportamentos esnobes às vezes, é verdade. Mas o assunto do post de hoje não é esse, era para eu ter usado o gancho do post antigo para dizer que vou tentar voltar a fazer posts discutindo alguns assuntos. Porque se antes tinha a comunidade do Skoob no Orkut para me fazer pensar sobre literatura, hoje temos grupos no Facebook, além de posts de discussões em blogs, ou artigos de jornal que chegam na minha tela pelo Twitter.

Vale avisar antes de ir para a discussão que, obviamente, o post reflete a minha opinião, e não alguma verdade universal. Discorda em algum ponto? Que bom, podemos conversar sobre isso nos comentários, se você quiser.

Bom, uma discussão que está muito em pauta atualmente é a de diversidade na literatura — especialmente em livros para jovens adultos (YA). Vi vários blogs brasileiros falando sobre o assunto e sobre a campanha #weneeddiversebooks. E sou a favor da campanha, sou a favor de ler livros diversos. Mas fica a questão: será que quem apoia a campanha está procurando ler livros diferentes, com protagonistas pertencentes a minorias, sobre outras culturas? Porque eu tenho a impressão de que muita gente não. As pessoas estão esperando que um livro diferente vire best-seller do nada e daí elas conheçam e queiram ler. E isso raramente acontece, porque livros são produtos, e as leis de mercado atuam sobre eles, etc. É um ciclo vicioso: livros diversos não dão muito dinheiro > as editoras não traduzem ou lançam livros assim, ou lançam com pouca publicidade > as pessoas não compram porque não procuram conhecer > livros diversos não dão muito dinheiro, e assim vai se repetindo.  

E é claro que a campanha é importante, para fazer a gente, as editoras e os autores pensarem mais sobre isso. Mas os leitores podem ter o maior papel nisso: quanto mais a gente consome livros diversos, mais eles vão ser lançados. E já temos vários livros diferentes sendo lançados no Brasil, é só ir atrás deles. Para quem lê YA, por exemplo, tem os livros da Natsuo Kirino, como Grotescas, sobre personagens japonesas, ou O garoto da casa ao lado, que se passa em Zimbábue. Eles não são considerados YA, provavelmente pelas diferenças culturais, mas os personagens são jovens.

As diferenças culturais podem dificultar um pouco a leitura, mas poucos livros com personagens de minorias não vão falar sobre isso ou sobre opressão — em livros sobre negros ou homossexuais, por exemplo, é pouco provável que o preconceito que eles sofrem não seja abordado de alguma forma. E é importante que ele seja abordado, já que os livros tentam ser realistas — a não ser, é claro, que seja um distopia ou uma história de fantasia. Inclusive acho que distopias ou livros pós-apocalípticos são a melhor forma de incluir personagens não brancos quando o escritor é branco, porque não precisa necessariamente incluir uma parte cultural sobre outra etnia.

Eu, particularmente, sou bem chata com escritores falando sobre minorias ou culturas às quais eles não pertencem. Não li Eleanor & Park ainda, mas vi algumas críticas falando que o modo de retratar o Park e a sua família é um pouco racista. Em Let it snow, fiquei muito incomodada com o fato dos dois personagens coreanos serem estereótipos de nerds virjões (não vi mais ninguém reclamando sobre isso, mas eu, como descendente de japoneses de um lado da família, sou meio sensível em relação a temas asiáticos) . Gostei bastante de Vaclav & Lena, mas fiquei meio mal quando vi que muitos imigrantes russos reclamaram do jeito que foram retratados.

Isso significa que escritores só podem falar sobre a própria realidade? Não, mas eu acho que tem que tomar muito cuidado ao escrever sobre realidades de outras pessoas, especialmente se estas são oprimidas de alguma forma. O que me leva à conclusão de que a gente precisa procurar por livros diversos de autores diversos. Não adianta muita coisa ter uma variedade de personagens sendo que todos são escritos por brancos cis héteros ricos americanos. E uma coisa que me incomoda bastante na campanha americana pelos livros diversos é que a maioria das sugestões é de livros do Estados Unidos. Algo do tipo: quer ler um livro sobre o Brasil? Que tal ler um que uma autora americana escreveu sobre o Brasil sem nunca ter visitado o país? Queridos americanos, existe algo chamado tradução, e vocês poderiam incentivar o uso dela, quem sabe…

(espaço para desabafo: em Anna and the French kiss, uma professora de inglês diz que os americanos não leem literatura estrangeira porque eles gostam de consumo rápido, e romances estrangeiros têm um ritmo devagar e uma história com mais camadas. Mas isso é uma generalização absurda! Além de colocar a literatura americana como rasa, a professora coloca tudo que é estrangeiro como mais reflexivo, e isso nem sempre é verdade. Para a pessoa da própria cultura que está lendo o livro, ele não é necessariamente  profundo.  E e óbvio que existem livros de consumo rápido em outras culturas. É mais difícil que eles cheguem aos Estados Unidos, mas uma vez que virem best-sellers, são logo traduzidos. Como eu já disse, existem barreiras culturais que podem dificultar a leitura de algo estrangeiro, mas nem sempre é algo tão complicado, especialmente agora que estamos vivendo na globalização, e conhecemos ou podemos conhecer um monte sobre outras culturas…)

Se é importante que todo tipo de pessoa possa se ver refletido na literatura, é importante também que qualquer um possa se ver em um escritor. De forma que uma criança negra que vive no Brasil, por exemplo, possa se ver como heroína de várias histórias e também, se quiser, escritora do que desejar. Eu acho que muitas vezes dão importância demais aos personagens e poucas aos escritores. É claro que o escritor de uma minoria não precisa falar só sobre ela, mas de qualquer forma saber que ele existe, que ele faz sucesso, já pode ser inspirador para as pessoas daquela minoria.

Então, para terminar o texto, acho que é importante que a gente converse sobre diversidade na literatura e procure mais livros de pessoas diferentes, porque eles existem, mas muitas vezes estão escondidos. Sim, já tem muitos livros interessantes e não diversos por aí, mas acho que dá para intercalar leituras, e buscar sempre que puder uma variação. 

terça-feira, 5 de agosto de 2014

The raven boys, Maggie Stiefvater

The Raven Boys

The raven boys foi muito elogiado por um monte de gente, mas não tinha chamado a minha atenção. Eu não sabia por que, mas logo percebi que era porque eu tenho preconceito contra YA sobrenatural. Desde que Crepúsculo foi lançado, o gênero virou moda e vieram milhões de histórias de amor com vampiros, lobisomens, anjos, zumbis… Aí eu fiquei com birra do gênero. Li alguns tão marcantes que nem me lembro do nome e pronto, preconceito misturado com simples desinteresse. É fato que, atualmente, não sou a maior entusiasta das histórias de fantasia no geral e tenho lido muito mais histórias pé no chão, principalmente passadas na nossa época porque também tenho um ligeiro preconceito/desinteresse em livros históricos, ops. Mas isso é assunto para outro post (esse aqui mostra um exemplo).

Mas enfim, voltando ao livro resenhado. Fui ler The raven boys sem grandes expectativas e sem saber quase nada sobre a história. E como quase sempre acontece quando subestimo um livro, ele me surpreendeu. Comecei a leitura um pouco perdida, porque o livro tem um clima forte de mistério. Mas nos primeiros capítulos a gente já vai entendendo algumas coisas, resolvendo outras e ficando em dúvida sobre o resto. É legal porque nada que aparece na história aparece à toa e muitas coisas têm significados que só serão revelados depois. Deve ser um livro muito legal de reler por causa disso.

Mas depois que a maior parte dos mistérios maiores dos personagens é revelada e sobra o desenvolvimento da parte fantástica, o livro perdeu um pouco da graça para mim. Um dos motivos de eu não ler tanta fantasia hoje é ter preguiça de descrições, e em The raven boys tudo é descrito nos mínimos detalhes, o que deve ser um ponto positivo para muita gente, mas para mim é cansativo, ainda mais lendo em inglês. E como o livro faz parte de uma série de quatro livros, o final termina em aberto e, não sei, senti falta de alguma explicação, de uma pista sobre para onde o livro está indo — mas provavelmente teve alguma pista e eu que não captei…  — porque tenho medo de ser como Lost e abrir um monte de mistérios e não oferecer uma explicação convincente.

O paralelo entre The raven boys e Lost pode parecer meio estranho, mas faz muito sentido na minha cabeça, porque por mais que a parte fora da realidade das duas pode me decepcionar, o que eu gosto mesmo é dos personagens. O livro tem possivelmente os personagens mais interessantes de YA que eu me lembro de ter lido. Os garotos corvos são interessantes, diferentes uns dos outros e bem desenvolvidos, e a família de Blue, a protagonista, também é bem curiosa. E é legal que a parte romântica ~ainda~ não está bem desenvolvida, porque a gente não fica lendo três mil vezes sobre como fulaninho é lindo e gostoso — embora o livro tenha uma certa repetição: falando sobre como Gansey é rico, e tem cara de rico e se veste como rico, etc. Um pouco cansativo, mas é realista, as pessoas gostam de ficar repetindo sobre como as outras são ricas (quem nunca teve inveja, né?).

Para concluir, o saldo do livro foi muito positivo. Embora eu esteja um pouco insegura sobre o caminho que a série vai tomar, muitas das coisas de que eu não gostei no livro não são por falha da autora, e sim por gosto pessoal meu. Eu vou passar a prestar mais atenção em livros de YA sobrenatural muito elogiados, mas continuo com um pouco de preguiça deles — quase tudo é série! Não tenho paciência para ficar esperando o lançamento do livro, e depois ter que reler o anterior porque esqueci a história, e esse tipo de coisa.

Avaliação final: 4/5

P.S.: Não botei citação porque não encontrei nenhuma que tivesse o espírito do livro e não fosse spoiler. Percebi também que não falei nada do enredo, mas não vou falar nada porque é melhor ler sem saber.